sábado, 12 de maio de 2012

A Ararinha do bico torto - Texto de Walcyr Carrasco

  A  Ararinha do bico torto

“No alto de uma árvore da floresta, uma arara chocava três ovos.
Assim que seus filhotes nasceram, ela notou que uma das ararinhas era diferente. Tinha o bico torto!”

Meu pai veio voando com o bico carregado de sementes para alimentar mamãe, eu e meu irmãos. Meus irmãozinhos receberam primeiro a comida com pios fortes, engolindo cada semente com um só movimento do bico. A fome deles era incrível! Quando chegou minha vez, eu tentei muito comer. Mas não conseguia abocanhar as sementes. Achei impossível! Papai quis me ajudar, mas não achou jeito de colocar a comida no meu bico torto. E eu continuei piando, chorando de fome.
(...)
No outro dia, eu ainda piava e chorava de leve. Minha fome era enorme. Eu não entendia porque eu nasci com essa deficiência, eu implorava por uma porção de sementes. Meus irmãos exigiam comida de bicos abertos, com gritos de impaciência. Eu ouvi quando meu papai falou que eu nasci com o bico errado. Ele disse que nunca iria conseguir me alimentar. Eu tentei colher as sementes e acabei despencando do galho.
― Socorro! – gritei forte.
(...)
Eu cai em cima de folhas, foi o que amorteceu minha terrível queda. Estou viva. Mas do que adianta? Abri minhas asas de novo.
― Eita, não sei voar! – falei sozinha.
Estou com uma fome incrível. Não me alimento desde que saí da casca. Sinto-me muito fraca. Os sons da mata estão me aterrorizando. O vento, o movimento da folhas, os insetos, os outros pássaros que voam logo acima... tudo me assusta. Estou chorando fracamente, e peço ajuda. Mas não sei a quem.
(...)
Subitamente, ouço som de passos e vozes humanas. Não sei do se trata. Pareci estrondos. Tenho tanto medo.
― Estou perdida!
(...)

“Pedro, um fotógrafo especializado em animais, e seu filho Mário estavam na floresta em busca de boas cenas para serem fotografadas. Ao se aproximarem da árvore onde estava o ninho da arara, o menino viu a ararinha no chão, entre as folhagens.”

Um menino me pegou, e falou para seu pai que eu tenho o bico torto!
O pai do menino me pegou e ficou me observando. E conversando com seu filho:
― É verdade. Não pode voltar para o ninho.
― Por quê?
― Aves e muitos outros bichos são assim. Rejeitam o filhote diferente.
O garoto ficou surpreso, mas é verdade. Escutei quando o pai foi explicar:
― A vida na natureza é difícil. Só sobrevivem os mais aptos. Com o bico torto, ela não consegue se alimentar.
Mário me olhou com tanta pena que aumentava ainda mais minha fome, parece que ele estava me entendendo. Ele falou:
― Então... Ela vai morrer?
O homem disse quem sim. E o meu coração bateu mais forte com a notícia, então chorei mais alto. O menino, acho que me entendeu, e falou:
― Pai, deixa eu levá-la para casa?
― Impossível. Com esse bico torto, como ela vai comer?
― Eu alimento!
Seu pai amava os animais  e acabou concordando apesar das dúvidas.
Quase morri de tanta alegria, mas ainda estava com fome. Para minha dor Pedro falou:
― Nem sei se ela sobrevive até a gente chegar ao acampamento.
(...)
Não sei como, mas parece que Pedro me conhecia o bastante, ele preparou uma coisa toda misturada, colocou numa seringa e entregou para Mário, que despejou dentro do meu bico bem devagar. Foi a melhor sensação que senti em toda minha vida, pois acabou completamente minha fome horrível. Foi a minha primeira refeição desde de que nasci!
O menino disse que iria me dar um nome, falou:
― Vai se chamar Nina!
Não sei o que é nome, mais gostei quando ele falou Nina, e não existe nada pior do que fome. É... Nina, gostei!
Depois me colocou dentro de uma caixa com palha e folhas, parecia bem agradável, e eu estava tão cansada e acabei aceitando sem dar nenhum pio.
Acordei com uns balanços na caixa,  e escutei quando o veterinário falou:
― Ela tem que aprender a comer.
Observei que o veterinário estava ensinando o Mário a fazer uma mistura, que chamaram de papinha de fubá. E falou que ele deveria acrescentar grão a minha dieta. Tudo que queria, que mais sonhava era comer um grão. Mas não posso reclamar, porque o Mário está sendo muito legal comigo, fico até com vontade de chorar... não... não vou mais chorar.
Então, todos os dias Mário me dava a papinha e colocava grãos e sementes para eu comer, bem que eu tentava. Mas, um belo dia eu torci o pescoço numa guinada que ainda não tinha tentado e consegui comer uma semente de girassol. Então gritei de alegria:
― Vitória! Meu pescoço doeu, a cabeça ficou inclinada em relação ao corpo. Mas eu consegui!
Já estou bem acostumada com a posição e posso comer tranquilamente, e sozinha!

Texto Original de Walcyr Carrasco.
Adaptação: Narrador Observador para Narrador Personagem - Alunos do 3º ano
Escola Nova Geração - Araripina

7 comentários:

  1. Parabéns queridos alunos pela criatividade e empenho.

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  2. minha filha acabou de estudar esse texto

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  3. Acabei de ler o texto e fazer a interpretação com meus alunos.

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  4. Adorei o texto e meus alunos fizeram a reescrita deste foi muito bom

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